Irados com a reportagem “Máfia de Leiloeiros se Alastra pelo Brasil”, que revela trapaças contra arrematantes de veículos incautos em 16 estados – eles são proibidos até de ver a placa antes de efetuar o pagamento –, os leiloeiros Vicente de Paulo (Vip Leilões) e Rogério Ferreira (Palácio dos Leilões) apelaram para o Judiciário! Com ações cíveis e criminais eles querem punições rígidas à autora da matéria pela ousadia de dar voz às vítimas dos golpes!
Vicente e Rogério: acusados de falcatruas contra arrematantes de veículos no Brasil!
Se o Poder Judiciário acatar os pedidos dos leiloeiros Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho e Rogério Lopes Ferreira, donos da Vip Leilões e Palácio dos Leilões, respectivamente, esta jornalista poderá ser punida severamente em processos cíveis e penais. O “crime” desta repórter: descobrir, averiguar, constatar e noticiar por meio da matéria “Máfia de Leiloeiros se Alastra pelo Brasil”, as denúncias de pessoas vítimas de arapucas ao participar de leilões de veículos. As falcatruas ocorrem em diversos estados do País.
No Juizado Especial Criminal, em Goiânia (GO), o dono da Vip Leilões requer a condenação da jornalista pelos crimes de difamação e injúria, previstos nos artigos 139 e 140 do Código Penal. Na 7ª Vara Cível de São Luís, no Maranhão, Vicente entrou com ação por dano moral, pedindo indenização de R$ 40 mil. Se os clientes lesados por ele adotam essa ideia, faltar-lhe-ia dinheiro para indenizar material e moralmente os arrematantes que denunciam terem caído nas suas trapaças. A maioria continua amargando os prejuízos!
Vicente de Paulo alega no processo por dano moral que as reportagens ofendem a reputação, a dignidade e o decoro dele. Mas não escreve na ação uma palavra sequer sobre reparar os prejuízos causados às centenas de arrematantes que reclamam terem sofrido prejuízos nos leilões da Vip. Vicente é fundador e presidente da ilegal Aleibras – Associação da Leiloaria Oficial do Brasil. Vale lembrar, as leis que regem a profissão proíbem o leiloeiro de se filiar em quaisquer associações.
Já o dono do Palácio dos Leilões, Rogério Ferreira, entrou com interpelação judicial na 1ª Vara de Crimes de Detenção e Trânsito, em Goiânia. Ele quer, numa espécie de DOI-Codi da modernidade, exigir que a jornalista lhe forneça explicações sobre a reportagem(?!). Rogério não explica, porém, por que é acusado de vender veículo clonado para um arrematante de Belo Horizonte (MG). Ele não diz nada também sobre as dezenas de ações judiciais de pessoas reclamando que foram lesadas pela empresa dele.
Dentre os vários crimes denunciados por arrematantes de veículos que declaram terem sido vítimas dos dois leiloeiros e de outros que também rezam pela cartilha da ilegalidade, estão a proibição de deixá-los verificar a placa antes de pagar pelo bem; a venda de veículos clonados, depenados, com chassis remarcados, bloqueios judiciais, dívidas em aberto e até carros que foram pagos, mas não entregues aos consumidores.
Denúncias crescem após publicação da reportagem
“O jornalismo é o dedo indicador da humanidade!” (Victor Hugo)
Leitores avalizam o direito à informação e endossam as denúncias sobre fraudes
Quando o jornalista escreve uma reportagem divulgando as falcatruas de uma empresa e/ou de uma categoria profissional, não tem o interesse de prejudicá-las, pura e simplesmente. Tem sim o objetivo de alertá-las para a necessidade de corrigirem os erros e se portarem honestamente na relação de consumo com os clientes. No caso dos leiloeiros acusados de lesar os arrematantes não é diferente.
A matéria que irritou os donos da Vip Leilões e do Palácio dos Leilões, intitulada “Máfia de leiloeiros se alastra pelo Brasil”, objetiva moralizar o setor de leilões de veículos, pois a postura desleal deles e de alguns outros profissionais da área fragiliza a credibilidade de todo o sistema. Vale ressaltar que em outros países o método funciona bem e por isso tem grande procura da sociedade. Lamentavelmente, não foi o que aconteceu.
Após a publicação da reportagem, vista por mais de 140 mil leitores, aumentaram as denúncias de arrematantes vítimas de fraudes. Dos 305 comentários postados por pessoas de todas as regiões do Brasil, cerca de 90% é para revelar como caíram nas arapucas armadas por leiloeiros desonestos. O mês mal começou e também o site “Reclame Aqui” já está abarrotado de reclamações de consumidores, e de novo, as falcatruas ocorrem em diversos estados do País.
De Salvador (BA), um rapaz reclama não conseguir transferir para o nome dele a moto arrematada na Vip Leilões devido a estampagem da placa estar em aberto no estado de São Paulo. Também da Bahia vem a análise sobre a Vip, feita por um arrematante vítima de prejuízo: “Empresa fraudulenta, engana os clientes, não é confiável, publica edital falso, vende carro sem procedência”, desabafa.
De São João de Meriti (RJ), outro arrematante denuncia a Vip Leilões por ter lhe entregue um veículo depenado, faltando os principais componentes do motor, a exemplo de bomba, bicos, módulo etc. A vítima acrescenta que se a Vip agisse de boa-fé descreveria as anomalias do carro, em respeito ao arrematante, lembrando que por ser um sistema de compra e venda, é relação de consumo.
De Marabá (PA), outro cidadão reclamou, no último dia quatro, que há cinco meses tenta sem êxito receber a documentação de dois veículos arrematados na Vip Leilões. Segundo ele, a empresa de Vicente não responde aos e-mails e teria desligado todos os canais de atendimento, impedindo-o de continuar cobrando os documentos dos carros arrematados.
De Belo Horizonte (MG), um arrematante define o Palácio dos Leilões como “uma verdadeira bagunça”! Ele reclama que não consegue receber da empresa os documentos do carro que arrematou. A vítima informa cinco números de telefone, inclusive WhatsApp, que a empresa lhe repassou, mas segundo ele, está exausto de telefonar e ninguém o atender. “Há descaso com os clientes; falta de respeito mesmo”, conclui.
Dedurar é a arma da imprensa
“História alguma se sustenta quando construída no frágil alicerce da mentira, principalmente no sólido terreno da Justiça”. (Edna Santos)
As mentiras alardeadas nos processos movidos pelos leiloeiros Vicente de Paulo Albuquerque e Rogério Lopes Ferreira contra esta jornalista por causa da reportagem “Máfia de Leiloeiros se Alastra pelo Brasil” não resistem a um olhar mais apurado. O dono da Vip Leilões alega, por exemplo, que esta repórter não lhe concedeu o direito de resposta nas duas vezes em que o solicitou. Mentira de Vicente de Paulo! Duas vezes os leiloeiros enviaram o direito de resposta e nas duas vezes os documentos foram publicados na íntegra e amplamente divulgados, como as demais matérias.
O dono da Vip Leilões alega que o site tem a única finalidade de atacá-los, acrescentando ter chegado a essa conclusão em virtude de haver poucas reportagens sobre outros temas. Isso acontece porque, ao contrário de Vicente de Paulo e Rogério Ferreira, esta jornalista não faz ouvidos de mercador ao clamor das vítimas. Essas, após a publicação da primeira reportagem, não cessam de enviar à repórter novas e graves denúncias de trapaças em que caíram nos leilões de veículos.
Se os leiloeiros de veículos desonestos não querem continuar sendo notícia, bastam obedecer às leis que regulam a profissão; respeitar o dinheiro dos arrematantes, cessar as armadilhas, as trapaças que armam contra as pessoas que os procuram, atraídos pelo preço do carro até 60% mais barato. Mas não! Agem fora da lei; lesam milhares de pessoas no Brasil inteiro e ainda pedem ao Poder Judiciário que jogue na prisão o jornalista que se atreve denunciá-los.
“A Vip Leilões me entregou um carro com placas divergentes. A placa era PCT-8250, mas quando a Polícia me parou constatou, a placa correta seria PEC-6121. Só por sorte eu não recebi voz de prisão!” (Flávio, uma das dezenas de vítimas do leiloeiro Vicente de Paulo)
Leilão é um sistema sério em qualquer lugar do mundo! Porém, o dono da Vip e presidente da Aleibras criou uma espécie de poder paralelo, onde ele coloca os seus editais acima das leis que regem a profissão de leiloeiro; acima até da Constituição Federal, do Código de Defesa do Consumidor, do Código Civil e do Código Penal. Vicente segue continuada e obstinadamente com negócios escusos, pondo em risco a credibilidade do setor. Se não intervir o Ministério Público – defensor dos direitos difusos e coletivos do cidadão –, leiloeiros desonestos continuarão fazendo novas vítimas Brasil afora.
A reportagem informando as mutretas cometidas contra arrematantes de veículos por Vicente de Paulo, Rogério Ferreira e outros leiloeiros desleais, são fundamentadas em depoimentos de vítimas e processos judiciais que tramitam em fóruns de todo o País. E será sempre assim, pois é dessa forma que esta repórter trabalha. O Judiciário, no seu papel de guardião da Justiça, há de constatar: a autora da matéria é jornalista e os denunciados, os acusados de corrupção!
Leitores condenam a postura da Vip Leilões
Tipificado no artigo 342 do Código Penal o crime de perjúrio ocorre quando alguém mente perante um juiz num Tribunal fazendo afirmação falsa, negando ou calando a verdade em processos judiciais.
Vítimas apoiam matéria que despertou a raiva de leiloeiros desleais
Vicente de Paulo alega no processo por dano moral que é um leiloeiro conceituado, possui uma carreira ilibada e seria referência na área em todo o País. Não é o que dizem as pessoas que leram a reportagem “Máfia de leiloeiros se alastra pelo Brasil”. Nos comentários que postam, elas endossam as denúncias publicadas e trazem à tona novas acusações contra a Vip Leilões.
O leiloeiro diz estar sofrendo uma campanha difamatória patrocinada por esta jornalista, mas os comentários abaixo leva ao questionamento: cadê os crimes de injúria e difamação, se pessoas de todas as regiões reclamam ter caído em algum tipo de trapaça ao negociar com a Vip, Palácio dos Leilões e outras empresas do ramo também descompromissadas com a lealdade.
Um arrematante que se identifica apenas como Flávio denuncia que a Vip Leilões lhe entregou um veículo com placas diferentes. O carro entregue pela empresa de Vicente tinha a placa PCT-8250 e o correto seria PEC-6121. Ele só descobriu a tramoia quando foi parado por uma viatura da Polícia e ao entregar o documento para averiguação, os policiais constataram a fraude. Após uma longa explicação e a constatação que o condutor não tinha culpa, ele foi liberado e pode seguir viagem.
Revoltado, Flávio quer que a Vip Leilões lhe explique por que lhe entregou um carro com placas divergentes, pois correu o risco de ser conduzido a uma Delegacia de Polícia, o que certamente lhe causaria um constrangimento enorme. Ele diz que por sorte os policiais constataram a inocência dele, “caso contrário, teriam me dado voz de prisão”, desabafa.
Contra fatos não há argumentos. O leitor Mauricio Miranda afirma: “Máfia já tem a muito tempo. Tentei comprar um carro de leilão há uns 20 anos e até ameaça de morte tive porque queria o mesmo carro que a gangue queria”. Eis os fatos relatados por mais algumas vítimas e que Vicente de Paulo omite nos processos movidos contra esta repórter:
Kildare Gomes: “Eu sou de São Paulo e fui lesado pela Vip leilões, no Maranhão, há um ano. Comprei uma Amarok 2016 por R$ 46 mil, me ligaram e perguntaram se eu poderia subir mais uns 10 mil, pois o carro estava muito bom.
Aceitei, mas quando fui busca-lo, o carro estava depenado no pátio; retiraram vários itens da mecânica. Tive que gastar mais de R$ 205 mil em peças. Entrei em contato com a estatal, antiga proprietária do carro, e fiquei sabendo que o veículo estava rodando até o dia em que foi levado para o leiloeiro”.
Fernando Matão: “Fujam da Vip Leilões. São desorganizados, não entregam os documentos, não informam nada. Péssimo leiloeiro; caiam fora deles”.
Joao Luiz: “A Vip Leilões perdeu até a autoridade como leiloeira oficial do Maranhão; colocaram outra no lugar dela”.
Iridirton Ribeiro Da Silva Dito: “Um amigo meu foi obrigado a receber uma certa quantia pra se retirar do leilão, senão…”
Gilmarcos Júnior: “Eu comprei duas motos na Vip Leilões e até agora, um ano depois, não me entregaram o documento, inclusive uma delas está presa por falta da placa. Eu não consigo tirar por que não faz a placa por falta do documento de porte obrigatório. Já liguei na Vip inúmeras vezes e disseram que o documento está no Detran. Ligo no Detran e eles falam que nunca passaram pra eles; aí retorno e de novo eles falam que vão entrar em contato, mas nunca foi resolvido.”
Estou sofrendo com Palácio dos Leilões.
Eles não entregaram a documentação do veículo e não vão cumprir com o próprio termo.